Thursday 27 December 2007


O jornalista Álvaro Morna, autor de vários livros e reconhecido pelo seu "jornalismo humanista" e de apoio à comunidade portuguesa em França, morreu no dia 4 de doença prolongada no hospital de Salpêtriere, em Paris.
O jornalista Álvaro Morna, autor de vários livros e reconhecido pelo seu "jornalismo humanista" e de apoio à comunidade portuguesa em França, morreu dia 4 de doença prolongada no hospital de Salpêtriere, em Paris. Nascido no Porto a 31 de Agosto de 1940, de onde saiu cedo para viver em Leiria, Morna, militante anti-fascista, fugiu de Portugal para escapar à tropa e à guerra colonial, refugiando-se em França, onde trabalhou em várias profissões. No início dos anos 1980 entrou para o jornalismo, começando pelo serviço da Radio France Internationale (RFI) dirigido à comunidade portuguesa, passando mais tarde para a redacção destinada à África Lusófona, onde continuava a trabalhar. Durante estes anos, foi correspondente em França da Agência Lusa, Diário de Notícias e Rádio Renascença. Álvaro Morna encontrava-se actualmente a trabalhar num livro de contos sobre os primeiros anos da comunidade portuguesa, parte dos quais Heitor já leu e espera editar em breve. Anteriormente, em 2000, Morna tinha publicado "Timor -Uma Lágrima de Sangue", um livro que nasceu das reportagens que fez quando acompanhou a realização do referendo para a independêndia de Timor- Leste, em 1999.

UE/Presidência: Cronologia do semestre de liderança portuguesa da União Europeia

Bruxelas, 24 Dez (Lusa) - Cronologia dos principais acontecimentos da presidência portuguesa da União Europeia, que se iniciou a 01 de Julho e termina a 31 de Dezembro:
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JULHO

01 - Portugal inicia a liderança rotativa semestral da UE pela terceira vez desde a adesão à então designada CEE, em 1986, com o arranque simbólico da presidência a ser assinalado num concerto na Casa da Música, no Porto, a que assistem em peso os membros do Governo de Lisboa e da Comissão Europeia.

02 - A presidência portuguesa da UE tem o seu primeiro dia de trabalhos com uma reunião, no Porto, entre o Governo de José Sócrates e a Comissão Europeia de Durão Barroso, preparatório das iniciativas a desenvolver no semestre. O primeiro-ministro garante que Portugal "investirá o máximo das suas energias", nos primeiros meses, na adopção rápida de um novo Tratado europeu, apontada como "a prioridade das prioridades".

04 - União Europeia e Brasil celebram em Lisboa a sua primeira Cimeira conjunta, rampa de lançamento para a "parceria estratégica" que dará um estatuto privilegiado ao maior país sul-americano. O primeiro grande evento da presidência portuguesa é falado em Português, com a participação na Cimeira de Sócrates, Barroso e do presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva.

05 - José Sócrates diz em Bruxelas que uma das grandes prioridades da presidência portuguesa já foi cumprida, com a realização da I Cimeira UE-Brasil.

11 - José Sócrates discursa, pela primeira vez, perante a sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, para apresentar o programa da presidência portuguesa e "confessa" o desejo de que o futuro Tratado da União Europeia fique conhecido como "Tratado de Lisboa".

16 e 17 - Doze ministros e vários secretários de Estado do governo português deslocam-se ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, para apresentar perante as comissões parlamentares das respectivas áreas o programa da presidência. O Tratado volta a ser anunciado como a máxima prioridade do semestre.

19 - O Quarteto para o Médio Oriente, composto por Estados Unidos, Rússia, Nações Unidas e União Europeia, reúne-se em Lisboa para tentar relançar o processo de paz israelo-palestiniano. No encontro participam, entre outros, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e os chefes de diplomacia dos EUA, Condoleezza Rice, e Rússia, Serguei Lavrov. No final, Sócrates considera que a reunião de Lisboa marca "um momento antes e depois para a região".

23 - A presidência portuguesa lança a conferência intergovernamental (CIG) que iria redigir um novo Tratado europeu, um trabalho jurídico longo e complexo. Lisboa garantiu que "não se desviaria um milímetro" do mandato acordado pelos 27, em Junho, para dirigir os trabalhos de redacção de um novo Tratado europeu e pediu "empenhamento e boa-fé" a todos os Estados-membros.

24 - O presidente em exercício do Conselho de Ministros da UE, o chefe da diplomacia portuguesa Luís Amado, saúda em Bruxelas a libertação das enfermeiras búlgaras condenadas a prisão perpétua na Líbia, um dos "casos" de política externa com que a presidência portuguesa teve de lidar durante o semestre.

AGOSTO

02 - A ministra dos Negócios Estrangeiros polaca, Anna Fotyga, reúne-se com Luís Amado em Lisboa e, no final do encontro, diz que a Polónia pretende ver clarificadas algumas questões no novo Tratado Reformador, embora aceite o essencial do projecto apresentado por Portugal em Bruxelas.

SETEMBRO

04 - O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, desloca-se ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, e, pronunciando-se sobre os dois grandes objectivos por cumprir da presidência portuguesa - o Tratado e a II Cimeira UE-África -, diz esperar que o mandato para a redacção do texto seja cumprido pelos 27 e que haja "imaginação" para ultrapassar quaisquer obstáculos à realização do encontro entre Europeus e Africanos em Lisboa.

07 - Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, reunidos em Viana do Castelo, fazem uma primeira avaliação do texto do novo Tratado Europeu e Lisboa pede a todos os países que respeitem o calendário previsto para a redacção, assinatura e ratificação do novo Tratado Reformador, apesar de ganhar forma o cenário de eleições legislativas antecipadas na Polónia.

14 e 15 - Sócrates encabeça a delegação europeia à segunda grande Cimeira - sob presidência portuguesa - à 11ª reunião de alto nível UE-Ucrânia, em Kiev. No final dos trabalhos, o Presidente ucraniano, Viktor Yushchenko, garantiu que o seu país está determinado em integrar completamente o bloco europeu, e o chefe de Governo português prometeu empenhar-se na resolução, até final do ano, da questão dos vistos de entrada para cidadãos ucranianos na União, uma das principais exigências de Kiev.

14 - José Sócrates efectua uma visita relâmpago a Varsóvia para procurar desbloquear algumas reservas levantadas pela Polónia à conclusão do novo Tratado da União Europeia e, após um encontro com o presidente polaco, Lech Kaczynski, diz que reforçou a ideia de que será possível um acordo na Cimeira informal de Lisboa dos 27, que se realizaria um mês depois.

17 - O primeiro-ministro e presidente em exercício do Conselho da UE faz uma visita de dois dias aos Estados Unidos. José Sócrates e o presidente norte-americano, George W.Bush, dizem, em Washington, que estão de acordo com a necessidade de uma forte cooperação entre a UE e os EUA em prol da segurança mundial.

18 - Os ministros da Justiça da UE, reunidos em Bruxelas, são incapazes de chegar a um consenso sobre a instituição de um Dia Europeu contra a Pena de Morte, inviabilizado pela Polónia. No entanto, aquele que poderia ser classificado como o primeiro "fracasso" da presidência viria a ser "corrigido" em Dezembro, na sequência da mudança de Governo na Polónia.

20 - O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ameaça boicotar a Cimeira UE-África, se o Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, participar na reunião. Esta primeira ameaça é "anunciada" num artigo publicado no diário londrino The Independent.

24 - José Sócrates discursa na Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas e diz que a credibilidade de qualquer futuro acordo exige primeiro um empenhamento e um entendimento global quanto a metas precisas por parte dos países mais desenvolvidos.

26 - O ministro da Justiça, Alberto Costa, anuncia que vai funcionar em Portugal um centro de análise e operações contra o narcotráfico por via marítima, projecto que contará com os Estados Unidos como país observador.

OUTUBRO

01 - Os 27 aprovam, no Luxemburgo, a liberalização dos serviços postais na União Europeia, a partir de 2010, e fecham um "dossier" que negociavam há anos. O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, considera o acordo "histórico".

02 - O mesmo Conselho de Ministros dos Transportes e Comunicações adopta uma resolução que cria, em Lisboa, uma entidade europeia destinada a monitorizar a segurança dos transportes marítimos de longo curso. A entidade irá funcionar na Agência Europeia de Segurança Marítima.

02 - A presidência portuguesa anuncia que as discussões, ao nível dos especialistas/juristas, sobre o novo Tratado europeu - que substituiria a fracassada Constituição Europeia - terminaram e que o Tratado está pronto a ser submetido aos dirigentes políticos.

12 - A presidência portuguesa da UE abre em Bruxelas mais dois capítulos das negociações para a adesão da Croácia, que elevam a 14 os capítulos já abertos, dos 35 que constituem o "dossier" negocial.

15 - Os chefes de diplomacia dos 27, reunidos no Luxemburgo, fazem um levantamento das derradeiras questões em aberto em torno do novo Tratado europeu, e, no final do encontro, a presidência portuguesa diz-se "ainda mais confiante" num acordo na Cimeira informal de Lisboa, que se realizaria no final dessa semana.

15 - A União Europeia e Montenegro assinam, no Luxemburgo, um acordo de Estabilização e Associação, um primeiro passo para uma futura adesão daquele país ao bloco europeu.

18 - Os representantes das confederações patronais e sindicais da Europa, reunidos em Lisboa no mesmo dia em que tem início a Cimeira informal de chefes de Estado e de Governo dos 27, chegam a um acordo em torno da modernização do mercado de trabalho e dos princípios da "flexigurança", considerado "histórico" por Sócrates.

19 - Já na madrugada do primeiro dia de trabalhos da Cimeira informal, os chefes de Estado e de Governo da UE chegam a acordo, em Lisboa, sobre o novo Tratado Reformador, que substituirá a fracassada Constituição Europeia, rejeitada em referendos na França e na Holanda, em 2005, o que mergulhou a UE numa das suas piores crises políticas e institucionais. Sócrates diz que "nasceu o novo Tratado de Lisboa" e anuncia que o documento será assinado pelos líderes europeus a 13 de Dezembro, na capital portuguesa, nos Jerónimos.

23 - José Sócrates volta a deslocar-se a Estrasburgo para dar contas dos resultados da Cimeira informal de Lisboa e, na sua intervenção, diz que o novo Tratado "resolve a crise do passado e coloca a Europa com os olhos no futuro".

26 - Mafra acolhe a 20ª Cimeira UE-Rússia e, no final, Sócrates garante que a reunião foi "construtiva, positiva e permitiu avanços", agradeceu os esforços do Presidente russo, Vladimir Putin, na aproximação entre os dois blocos, e negou que a presidência portuguesa tenha minimizado as questões dos direitos humanos, afirmando que foi mesmo a primeira Cimeira que registou resultados concretos a este nível.

31 - As presidências da União Europeia e da União Africana aprovam, em Accra, a Parceria Estratégica e o Plano de Acção que seriam apresentados, em Dezembro, na II Cimeira UE/África.

NOVEMBRO

08 - Os ministros da Justiça dos 27 alcançam, em Bruxelas, um acordo político sobre protecção de dados pessoais, que, segundo Lisboa, constitui "uma boa notícia" para a cooperação policial, mas também para os direitos fundamentais.

12 - Luís Amado clarifica que o Governo português só tomará posição sobre a forma de ratificação do futuro Tratado europeu no país, após encerrada a presidência portuguesa da UE para não criar instabilidade.

15 - O Parlamento Europeu aprova, em Estrasburgo, por esmagadora maioria, o alargamento do espaço Schengen de livre circulação de pessoas aos "novos" Estados-membros da União Europeia, que se concretizaria a 21 de Dezembro.

15 - Os ministros da Educação dos 27 alcançam, em Bruxelas, um acordo político sobre o futuro quadro europeu de qualificações, considerado por Lisboa "decisivo" para a mobilidade dos cidadãos europeus.

15 - A Assembleia-Geral da ONU aprova, pela primeira vez, uma resolução sobre uma moratória relativa ao uso da pena de morte, apresentada, entre outros, por Portugal (em nome da UE), Angola, Brasil e Timor-Leste. A presidência portuguesa diz tratar-se de um "momento histórico".

16 - Os ministros da Cultura da União Europeia adoptam, em Bruxelas, a primeira agenda europeia da Cultura, que estabelece uma estratégia cultural comum aos 27, um a maior cooperação e prioridades concretas.

19 - Os 27 chegam a um acordo de princípio, em Bruxelas, sobre uma futura parceria especial com Cabo Verde, que visa fortalecer a aprofundar os laços entre as duas partes.

22 - Sócrates participa, em Singapura, na cimeira UE/ASEAN e, no final, mostra-se convicto de que a reunião tornou "mais ambiciosa" a relação entre os dois blocos. À margem da cimeira, o primeiro-ministro manifesta o seu total apoio a uma eventual candidatura de Durão Barroso a um segundo mandato como presidente da Comissão Europeia.

23 - Os ministros responsáveis pela Competitividade na União Europeia, reunidos em Bruxelas, chegam a "acordo político" sobre a criação do Instituto Europeu de Tecnologia (IET). À noite, os representantes dos Ministerios das Finanças dos 27 alcançam um acordo sobre o orçamento para 2008, que inclui o financiamento do IET e também do sistema de satélites Galileo, concorrente do "GPS" norte-americano.

27 - Robert Mugabe confirma, em Moçambique, que vai estar em Lisboa em Dezembro para a Cimeira UE/África. No mesmo dia, Gordon Brown confirmou que "definitivamente" não estará presente.

28 - União Europeia e China celebram, em Pequim, a sua 10ª Cimeira, considerada "um sucesso" por José Sócrates e Durão Barroso, com base num acordo conseguido em quatro pontos, anunciados pelo primeiro-ministro português: "Continuar a colaborar em conjunto em todas as áreas do domínio da paz e da segurança no mundo; reconhecer o controlo das alterações climáticas como uma prioridade mundial, cooperar no continente africano e coordenar mecanismos de cooperação; olhar de frente para o défice comercial europeu em relação à China".

A declaração conjunta que vincula as partes às conclusões do encontro só viria a ser assinada quatro dias depois.

29 - Os ministros dos Transportes e das Telecomunicações da União Europeia aprovam, em Bruxelas, o projecto de sistema de navegação por satélite Galileo, orçado em 3,4 mil milhões de euros, depois de uma maratona negocial. No dia seguinte, a presidência portuguesa consegue transformar a aprovação por maioria qualificada em unanimidade, ao conseguir o acordo de Espanha, o único Estado-membro que votara contra na véspera.

30 - Nova Deli é o palco da 8ª Cimeira UE-Índia, na qual as duas partes assumem uma convergência de pontos de vista na política internacional, perspectivando nas relações bilaterais o reforço da cooperação, nomeadamente no comércio e no investimento, mas também no combate às alterações climáticas.

DEZEMBRO

04 - Os ministros das Finanças dos 27 chegam a acordo, por unanimidade, em Bruxelas, sobre o regime de tributação do IVA nos serviços electrónicos por Internet, uma matéria que estava bloqueada há cerca de cinco anos.

05 - Os ministros do Trabalho e da Segurança Social dos 27 chegam a acordo, em Bruxelas, sobre os princípios comuns da "flexigurança", como a adaptabilidade nas empresas, permitindo horários flexíveis e adaptados aos fluxos de menor e de maior produção.

05 - Na mesma reunião, os 27 falham uma nova tentativa de acordo para ampliar a protecção aos trabalhadores temporários e definir um novo quadro de tempo de trabalho, "dossiers" que a presidência portuguesa procurava desbloquear após anos de impasse.

06 - Os ministros da Justiça e Administração Interna da UE, reunidos em Bruxelas, adoptam oficialmente a decisão de suprimir as fronteiras e respectivos controlos com os "novos" Estados-membros a 21 de Dezembro, ampliando assim o espaço Schengen aos cidadãos da Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e República Checa.

07 - Os ministros da Justiça da UE aprovam, por unanimidade, em Bruxelas, a instituição do Dia Europeu contra a Pena de Morte, iniciativa que, ao nível dos 27, havia sido bloqueada em Setembro pela Polónia, mas que foi tornada possível com a mudança entretanto verificada no governo polaco, após as eleições legislativas antecipadas de Outubro, no país.

08 - Sete anos depois da primeira reunião, no Cairo, também sob presidência portuguesa, tem início em Lisboa a II Cimeira UE-África, que leva à capital portuguesa 20 chefes de Estado e de Governo europeus e 47 africanos, num gigantesco conclave.

A primeira sessão plenária da Cimeira fica marcada pela intervenção da chanceler alemã, Angela Merkel, ao considerar que a situação no Zimbabué "faz mal à imagem de uma nova África".

09 - A II Cimeira UE-África encerra com ambos os "blocos" a considerarem que foi um "êxito" e que marca um virar de página nas relações entre os dois continentes. A grande divergência exposta na reunião acabou por ser a negociação dos acordos de parceria económica, rejeitados por alguns países africanos, que levaram mesmo a UE a prolongar as discussões para 2008.

10 - No dia em que chegam ao fim, sem sucesso, as negociações sobre o futuro estatuto da província sérvia do Kosovo, mediadas pela "troika" (UE, Rússia e Estados Unidos), Amado preside a uma reunião dos chefes de diplomacia da União e, no final, diz-se convicto de que foi dado "mais um passo" no sentido de uma "posição comum" dos 27.

12 - A Carta dos Direitos Fundamentais dos cidadãos europeus é proclamada e assinada pelos presidentes das instituições europeias no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, numa cerimónia que acabou por constituir o momento mais agitado vivido por Sócrates enquanto presidente do Conselho da UE. O primeiro-ministro enfrentou uma manifestação, em pleno hemiciclo, de eurodeputados a exigir referendos ao Tratado de Lisboa, foi forçado a interromper o discurso devido a apupos e palavras de ordem, mas escutou também uma ovação de pé da esmagadora maioria da assembleia, que reagiu desse modo à acção de protesto.

13 - O Tratado de Lisboa é assinado pelos líderes europeus nos Claustros do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, com José Sócrates a considerar que a cerimónia ficará para a história por se tratar de um momento "em que se abriram novos caminhos de esperança no ideal europeu". Cerca de dois anos e meio depois dos "chumbos" em referendos à Constituição Europeia, os chefes de Estado e de Governo dos 27 celebraram o que promete ser o fim de uma das maiores crises políticas e institucionais dos 50 anos de história do projecto europeu.

14 - Sócrates preside em Bruxelas, pela última vez, a um Conselho Europeu, que apresentou poucas novidades e consagrou sobretudo os "feitos" do semestre, com o primeiro-ministro a fazer um balanço do semestre e a manifestar o seu "orgulho" por todas as prioridades da presidência terem sido alcançadas.

14 - Na conferência de Bali, é alcançado um acordo sobre alterações climáticas, que José Sócrates virá a classificar como um triunfo da União Europeia e "um bom momento da presidência portuguesa" da UE.

17 - Activistas da Greenpeace bloqueiam as entradas da sede do Conselho, em Bruxelas, para protestar contra a pesca em excesso, adiando o início dos trabalhos de uma reunião dos ministros das Pescas dos 27, presidida por Jaime Silva, para fixar as possibilidades de pesca para 2008.

17 - A Hungria torna-se o primeiro dos 27 Estados-membros da União Europeia a ratificar o Tratado de Lisboa, por via parlamentar, cinco dias depois da sua assinatura.

18 - O primeiro-ministro e vários ministros do Governo português deslocam-se ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, para fazer o balanço final do semestre. Falando perante o hemiciclo, pela última vez enquanto presidente do Conselho da UE, José Sócrates diz que a Europa está agora melhor, "perante si própria e também perante o Mundo", dá conta do "sentimento de dever cumprido" e lamenta a falta de tempo para expor em detalhe "tudo o que foi feito" desde Julho.

19 - Os ministros das Pescas da UE chegam, de madrugada, a acordo sobre as quotas de pesca para 2008, após uma longa maratona negocial. De acordo com a presidência portuguesa, quase todas as reduções previstas nas capturas em águas portuguesas foram revistas em alta.

19 - A União Europeia abriu, em Bruxelas, mais dois capítulos nas negociações de adesão com a Turquia. Luís Amado comenta que o "processo mantém-se assim em marcha", reafirmando que seria "um erro político grave" interrompê-lo bruscamente.

19 - Os ministros da Agricultura dos 27 chegam a acordo, por maioria qualificada, sobre a reforma da organização comum do mercado (OCM) do vinho, uma prioridade da presidência portuguesa. O ministro Jaime Silva diz que a reforma representa para o sector, em Portugal, mais seis milhões de euros anuais.

20 - Os ministros do Ambiente dos 27 chegam a acordo sobre a inclusão da aviação no comércio de carbono, no último Conselho ministerial sob presidência portuguesa. Os voos de serviço público inter-ilhas no arquipélago dos Açores e Madeira ficam excluídos do comércio de licenças de emissão de gases poluentes

21 e 22 - José Sócrates preside às cerimónias comemorativas do alargamento do Espaço Schengen de livre circulação de pessoas em vários pontos fronteiriços com os "novos" Estados da UE - ex-comunistas do antigo bloco soviético - e comenta que "não poderia imaginar uma melhor forma de concluir" o mandato como presidente do Conselho Europeu de líderes da União Europeia.

31 - Às 23:59, terminará a presidência portuguesa, que passará a liderança semestral rotativa da União à Eslovénia, que completará o programa conjunto do trio de presidências formado com Alemanha e Portugal.

ACC.

Lusa/Fim

© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
2007-12-24 09:10:01
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Thursday 20 December 2007

Timor-Leste: Futura geóloga formada em Coimbra quer riquezas naturais ao serviço do país

Coimbra, 19 Dez (Lusa) - O primeiro timorense diplomado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) vai ser uma geóloga que sonha usar o "canudo" para que Timor-Leste beneficie do petróleo e de outras riquezas locais.
A estudar em Coimbra e sem ter voltado ao país natal há seis anos, Norberta Soares da Costa está agora a um passo de completar a licenciatura em Geologia na FCTUC, faltando-lhe apenas uma cadeira para a terminar.

Quando isso acontecer, no início de 2008, a jovem realizará o sonho que acalenta desde que decidiu tirar este curso e que a motivou na escolha de Geologia: desenvolver a sua actividade profissional em Timor-Leste, tudo fazendo para que os ganhos financeiros do petróleo e outras riquezas naturais da sua terra ali permaneçam e sejam usadas para diminuir a pobreza.

"Estou um bocado triste com a realidade actual, temo que os timorenses sejam afastados das decisões sobre a exploração dos recursos naturais do país", disse hoje a finalista da FCTUC à agência Lusa.

Sempre sorridente e bem disposta, a jovem de 26 anos refere que os recursos naturais "são muito importantes para o povo timorense e para o seu futuro".

"Há poucos timorenses a trabalhar nessas áreas, receio que essas riquezas sejam retiradas aos timorenses", referiu.

Norberta explicou à Lusa que, no início da década, a decisão sobre o curso superior que iria tirar foi inspirada numa sugestão de um seu professor do Colégio de S. José de Balide, em Dili, ao alertar, precisamente, para a escassez de timorenses no sector petrolífero.

"Fiquei com essa ideia. `Mas como vou lá chegar?`, pensei. Informei-me e, quando concorri à bolsa, Geologia foi a minha primeira opção", adiantou.

Agora, seis anos volvidos, está prestes a concretizar o sonho de obter um curso universitário e espera, com o "canudo", dar corpo a outra aspiração, que é a de pôr essa formação superior ao serviço de Timor-Leste.

Ao contrário do que se passa no país que adoptou durante estes seis anos, em que a ameaça do desemprego paira sobre os recém-licenciados, a jovem timorense acha que não vai ser difícil encontrar trabalho quando regressar a Dili, tendo em conta a falta de quadros no país.

Norberta integrou um grupo de cerca de 300 jovens timorenses que, em 2001, vieram estudar para Portugal.

"Calhou Coimbra, não foi uma escolha minha, mas fiquei contente: o meu pai conhecia a história da cidade e da Universidade", confessou.

Integrou-se num grupo de alunos que iniciou o curso de Geologia em 2002/2003 e incluía jovens de África (Angola), Ásia e Europa, o que lhe valeu a designação de "o ano dos três continentes".

Beneficiando de uma bolsa do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, Norberta realizou a sua formação na FCTUC, faltando-lhe apenas a cadeira de Física I, do 2º ano, para obter a licenciatura.

"Se tudo correr bem, quero voltar para Timor-Leste", explica a jovem, que não esconde, contudo, o gosto que teria de aprofundar a sua formação fazendo, nomeadamente, o mestrado em Geologia do Petróleo, uma iniciativa pioneira da FCTUC apoiada pela empresa Petrobrás.

Prestes a abandonar Coimbra - embora não dê como garantida já a conclusão do curso - Norberta refere que a experiência na cidade universitária foi muito positiva, apesar das dificuldades iniciais relacionadas com as diferenças culturais, climáticas e gastronómicas e da barreira derivada do seu desconhecimento inicial da língua portuguesa.

"Estou muito feliz com as amizades que fiz aqui e como o apoio que tive dos colegas, professoras e pessoas mais próximas", expressou a jovem.

Ultrapassadas as dificuldades do curso e a pressão gerada pela necessidade de manter a bolsa, Norberta diz que se integrou na vida académica coimbrã com gosto e, quando sair de Coimbra, em 2008, vai deixar para trás muitos amigos e levar bastantes saudades.

Lusa/Fim

Reinado não compareceu ao encontro com Xanana


Primeiro-ministro timorense dá "última oportunidade" a major foragido à justiçaO primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, anunciou hoje que vai dar "apenas mais uma oportunidade" a Alfredo Reinado, depois de o major fugitivo não ter comparecido num encontro com a liderança timorense, previsto para hoje.


"Alfredo Reinado esquivou-se do encontro hoje", declarou o primeiro-ministro timorense no Palácio do Governo, em Díli. "Ele pensa que é um herói e que manda em Timor", acrescentou Xanana Gusmão em tétum.

"Como Presidente da República, eu não podia fazer muito. Mas como primeiro-ministro, posso", avisou Xanana Gusmão. "Não sou leão. Leão é outra pessoa. Mas posso ser mais duro que um leão", afirmou.

Xanana Gusmão deu uma curta conferência de imprensa às 12h00 (3h00 em Lisboa), depois de ter esperado três horas por Alfredo Reinado no Palácio das Cinzas, sede da Presidência da República timorense.

O Presidente José Ramos-Horta, o presidente do Parlamento Nacional, Fernando "La Sama" de Araújo, membros do Governo com a tutela da Defesa e Segurança e o coronel Lere Anan Timur, do Estado-Maior das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste, aguardaram toda a manhã por Alfredo Reinado.

Xanana Gusmão, numa declaração grave, ríspida e pausada, não escondeu o seu desagrado com a não comparência de Alfredo Reinado ao encontro de hoje.

"Dou apenas mais uma oportunidade a Alfredo Reinado", sublinhou Xanana Gusmão.

O chefe do governo timorense explicou também que essa oportunidade "será a curto prazo" e que não está em causa a sua expectativa pessoal sobre as hipóteses de Alfredo Reinado aceitar o encontro.

"Não falo de esperança", explicou Xanana Gusmão sobre o tipo de iniciativa que pretende ter com o major fugitivo. "Eu não faço convites. Só para festas", comentou o primeiro-ministro.

"Conheço Alfredo Reinado. Foi várias vezes a minha casa antes de ser preso em Becora", em Julho de 2006, recordou o primeiro-ministro e ex-chefe de Estado. "Alfredo é um homem que não mantém a sua palavra. Hoje diz uma coisa, amanhã diz outra", acusou Xanana Gusmão.

Reinado em fuga desde Agosto de 2006

O ex-comandante da Polícia Militar, com quem o Estado timorense encetou há meses um processo negocial, em paralelo com um processo judicial que chegou já a julgamento, encontra-se em fuga desde 30 de Agosto de 2006.

Alfredo Reinado é acusado de crimes de homicídio, rebelião e posse ilegal de material de guerra.

O julgamento, iniciado a 03 de Dezembro de 2007, foi adiado para 24 de Janeiro de 2008 porque apenas dois dos 17 arguidos, os que se encontram em prisão preventiva, compareceram ao julgamento.

Exigências e ameaças

Alfredo Reinado fez chegar sábado ao primeiro-ministro, através de um advogado, a exigência de libertação dos dois homens do seu grupo presos em Becora, Díli, como condição para comparecer no encontro de hoje.

"Mandei dizer a Alfredo Reinado, pelo seu advogado, que não competia ao Governo resolver esse assunto e que não era apropriado vir até aqui apresentar condições na véspera de um encontro com o qual todos já tinham concordado", declarou hoje o primeiro-ministro.

Dois advogados de Alfredo Reinado estiveram, aliás, envolvidos na reunião falhada de hoje, em papéis diferentes: Benevides Correia, que, na descrição de Xanana Gusmão, serviu de contacto com o major fugitivo nos últimos dias; e Paulo dos Remédios, assessor do Presidente José Ramos-Horta e defensor do arguido Reinado em tribunal.

Paulo dos Remédios assistiu, aliás, à conferência de imprensa de Xanana Gusmão.

Alfredo Reinado realizou uma parada militar em Gleno, a sudoeste de Díli, há um mês, com centenas de peticionários expulsos das F-FDTL em 2006, e ameaçou "descer a Díli" se o seu processo e a situação dos militares expulsos das Forças Armadas não fosse resolvida até ao final do ano.

Um perímetro de segurança foi montado hoje de manhã em torno do Palácio das Cinzas.

A imprensa foi mantida à distância pela Polícia das Nações Unidas porque "estava a comprometer toda a operação", segundo um dos comandantes da UNPol que registou a identificação dos jornalistas que aguardavam o desfecho da reunião.

Chefe das Forças Armadas apela aos militares

19-12-2007 19:56:00
O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), general Valença Pinto, fez hoje apelo aos militares portugueses para que saibam vencer as dificuldades "com serenidade, discernimento e firmeza" no próximo ano.

Na sua mensagem de Natal aos militares portugueses, divulgada hoje através do "site" do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), Valença Pinto afirma que o próximo ano "não se antevê isento de dificuldades".

No entanto, o CEMGFA promete que as Forças Armadas procurarão enfrentar e vencer essas dificuldades, com serenidade, discernimento, firmeza e determinação, de forma a dar respostas oportunas e eficazes às missões e às tarefas" lhes forem atribuídas.

"As circunstâncias económicas que o País vive, e os seus efeitos nas Forças Armadas, aliados aos desafios e às exigências que o ambiente político, estratégico e tecnológico envolvente coloca a Portugal, impõem respostas prontas e qualificadas", alega o CEMGFA.

No entanto, Valença Pinto garante que os militares portugueses olham o futuro com "um sentimento de esperança" numa mensagem natalícia em que saúda todos os que estão destacados no Afeganistão, Kosovo e Líbano ou em missões na Bósnia, Iraque, Congo, Sudão e Timor-Leste "a favor da paz, da segurança e do bem-estar de povos em conflito".

O general Valença Pinto, até então Chefe do Estado-Maior do Exército, tomou posse a 05 de Dezembro de 2006, sucedendo ao almirante Mendes Cabeçadas.

Tuesday 4 December 2007

Julgamento de Alfredo Reinado adiado para Janeiro

O julgamento do major Alfredo Reinado, acusado de crimes de rebelião, homicídio e posse ilegal de material de guerra, foi hoje adiado para 24 de Janeiro de 2008 pois o ex-comandante da Polícia Militar timorense continua em fuga.


Dos 17 arguidos do processo, apenas dois, que se encontram em prisão preventiva, compareceram à primeira sessão do julgamento.

O major está evadido desde que fugiu da prisão de Becora, em Díli, a 30 de Agosto de 2006.

O juiz presidente do colectivo, Ivo Rosa, recordou na sessão de hoje, em resposta ao Ministério Público, que tem pedido com insistência, ao longo do último ano, a detenção preventiva do major Alfredo Reinado, sem sucesso.